Sirenes ecoam pelos corredores da Radial em plena hora do rush. Ainda era apenas o início do dia, mal poderiam imaginar que era tarde demais, mais um suicídio como outros a cada 40 segundos. Apenas um número, apenas um desequilibrado, apenas um louco, mas quantos loucos são criados pela indiferença cotidiana?

Em contrapartida, voluntários se disponibilizam a dar apoio emocional para milhares de pessoas que buscam um ouvinte desconhecido, no desespero de seus cotidianos, por medo da rejeição, da punição, dos olhares e comportamentos, dos afetos que podem mudar apenas com a simples constatação de uma parte de si, um último recurso a quem não encontra  acolhimento, não encontra válvula de escape em amigos e parentes, pois estão todos ocupados, preocupados, em crise, com problemas demais para escutar mais um problema. 

E o voluntário? Também tem seus desafios e por isso não carrega, não busca soluções, apenas é o amigo do momento, não um amigo qualquer, um que não julga o incomum, está ao lado, ajuda a questionar, mas não traz respostas prontas. Um ouvido pra escutar tudo o que está nas sombras.

E o que vai para as sombras? 

Amores rejeitados pela sociedade, uns cuja distância inicial e aproximação repentina entre pai e filha, mãe e filho tornam os sentimentos confusos, e criam a cisão entre os papéis de pais e amantes, filhos e amantes, e nem sempre são os filhos as vítimas, principalmente após os trinta; outros hétero, homo, bi, trans, todos amores contidos por pensamentos retrógrados que só reconhecem a si ou nem a si como amores verdadeiros. 

A solidão de quem se isolou da família pela incompreensão ou pelos abusos psicológicos e até físicos de pessoas que deveriam amar, zelar, cuidar, e, no entanto, são orgulhosos demais para assumir o que não sabem e buscar informação, afinal ser pai, mãe, educador, professor deveria ser natural, todos ensinamos, é verdade, mas poucos somos ensináveis a respeitar o outro como igual.

O cenário parece com o de uma cafeteria, temos um homem de costas usando uma camisa vermelha sozinho.

A hierarquia dos belos, sãos, inteligentes, cultos, ricos, moderno, ágil, esmagando os trejeitos dos feios, loucos, ignorantes, pouco abastados, antigos, mas é justamente na imperfeição que reside o humano. A beleza segue os critérios dos olhos que a enxergam, a saúde de uns é a doença de outros, das sete inteligências sempre se manifesta alguma, a sabedoria misteriosa supera os conhecimentos que cabem em palavras, a riqueza material é uma ferramenta para sermos o melhor de nós e nada mais, o moderno e ágil muitas vezes são tão práticos que perdem o aconchego, o calor humano, a imperfeição de um ponto perdido no meio do crochê.

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O que todas as sombras têm em comum? A vergonha de ser, sentir, viver, de mostrar algo que faz parte de nossas vidas, de mostrar o tio bêbado que espanca a mulher, de expor nossa desconfiança de que algum irmão possa ser pedófilo, de ser o autoritário e controlador suficiente para manipular as percepções e se tornar bem-vindo na turma de amigos dos filhos.

Como bem disse Brené Brown em seus TEDtalks: vergonha não é culpa, quando você se culpa, você se desculpa por ter feito algo que pode ser alterado, adaptado, enquanto a vergonha lhe faz se desculpar por ser. Quando temos motivos para acreditar que não devemos ser, passamos a evitar. 

Mas como evitar a si mesmo? Quanto mais evitamos nossas sombras, mais elas ressaltam aos olhos, pois a rejeição nos cega para as ações, tornando-nos inconscientes e incongruentes. Com isso, rejeitamos ou até violentamos os outros, porque lutamos contra o que eles evidenciam e refletem de nossa personalidade ou de algo que existe dentro de nós. Por vezes o choque de consciência nos faz agir com o mesmo ímpeto destrutivo investindo contra a nossa dor e nossa própria existência.

Dentro das sombras, muitos se encolhem diante do medo sem enxergar o caminho que ele indica: sua luz, sua vida, seu caminho, ainda que enfraquecida e prestes a se apagar, resiste. É a sua melhor versão que sussurra baixinho que não era nada disso, não era pra ser tão ruim, não era pra ter ignorado, não era assim que gostaria que fosse.

Na escuridão, qualquer brasa pequena ressalta aos olhos, pegue essa brasa das grandes questões da vida: quem sou? Quem quero ser? A que vim? Qual a diferença quero fazer? E continue se perguntando eternamente como ser um pouco mais, fazer um pouco mais, viver um pouco mais, voar um pouco mais alto. Mesmo que seja necessário começar de novo, do zero.

E é assim, de batalha em batalha, que a gente cresce e só enxerga o que venceu quando vê que o que antes era desafio se torna apenas parte do cotidiano. Então tenha sempre em mente que seus desafios de hoje são menores do que sua capacidade de ser cada vez mais você.

Gostou? Confira também o blog A Amante.

Reflexão: Sombras
Karen M. Kawai

Karen, técnica em telecomunicações, caí de paraquedas em Letras e amei tanto que fiquei até concluir o mestrado. Gosto de DIY, indo desde artesanato, montagem de móveis, até cortar o próprio cabelo e consertos simples no celular. Escritora com vergonha de autointitular assim até entender que tenho algo a oferecer ao mundo e alguma qualidade de escrita. Escrevo para o blog da KLS algumas reflexões que acredito poder inspirar os leitores em sua caminhada rumo ao autoconhecimento e à realização dos sonhos.

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