Desenho da capa: Butcher Billy
Todo mundo já está cansado de ouvir que a tecnologia vem ocupando cada vez mais espaço no nosso cotidiano e vai substituir a humanidade em diversas funções futuramente. Mesmo assim, parece que precisamos de alguns “tapa na cara” para acordar de vez e enxergar essa realidade.
Ironicamente, é a ficção que vem dando mais desses tapas e sacudidas para a realidade que não podemos evitar. Um bom exemplo de obra ficcional que faz isso é o seriado Black Mirror.
Sabia que o futuro mostrado na série é o no nosso presente?
O futuro de Black Mirror é nosso presente?
Antes de me aprofundar no assunto quero resumir a premissa do seriado.
Black Mirror mostra diversas histórias – sem ligação direta entre si – de pessoas que vivem em sociedades que passam por diferentes etapas de evolução tecnológica, cada episódio traz algum dilema enfrentado pelo personagem principal dele.
Quando vemos atores interpretando histórias nas quais tudo o que veem é gravado como um filme ou inteligências artificias que copiam a personalidade de seus “donos” sendo usadas como assistentes domésticos, pensamos que é tudo viagem de algum roteirista hollywoodiano e ignoramos o fato de que isso já pode estar acontecendo.
Pensando nisso, separei alguns episódios das quatro temporadas lançadas do seriado (até o momento) para ilustrar algumas coisas que já vêm acontecendo no nosso cotidiano e achamos ser “coisa do futuro”.
Quanto vale sua opinião?
No episódio Fifteen Million Merits (Quinze Milhões de Méritos, em português), somos apresentados a um modelo de sociedade no qual as pessoas geram energia através de exercícios físicos e conquistam os chamados méritos, que servem como dinheiro para comprar comida, temas para o quarto, programas na televisão e qualquer outra coisa que a pessoa deseje.
Para conseguir méritos a pessoa pode ralar muito na academia ou tentar a fama com programas de televisão (desde aqueles de pegadinha até os que só passam em canais adultos) e bem, você já deve imaginar qual deles é o favorito da galera.

Nessa sociedade, a audiência que você gera é o que dita se irá ou não ganhar mais méritos. O protagonista não está interessado em ser famoso ou algo assim, mas após a reviravolta do episódio nosso crítico assíduo do sistema de méritos se torna uma marionete dele com seu canal – bem estilo youtuber – aonde critica o sistema.
Em resumo, aquele que tanto critica o ‘sistema’ passa a ser marionete dele.
As pessoas só querem ser escutadas. Escutar é 90% da sedução. Ou ao menos fingir que você escuta. O importante é fazê-las se sentirem importantes.
Black Mirror
Escolhi esse episódio como o primeiro a ser comentado por uma simples razão: ele é o espelho da nossa sociedade.
Abra seu Youtube e irá se deparar com vários canais de pegadinhas e pessoas que criticam ‘o sistema’, muitas vezes porque buscam ‘méritos’ sociais.
A tecnologia influencia em como vamos apresentar nossas ideias e o que iremos receber com elas, seja bom ou ruim. Ou seja, vivemos buscando méritos e usando nossas opiniões para conquistá-los.

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ACESSAR DEGUSTAÇÃOTecnologia que revive os mortos é possível?
O primeiro episódio da segunda temporada do seriado, Be Right Back (Volto Já), mostra um casal feliz de namorados, até o rapaz morrer e deixando a garota grávida e sozinha.
Desesperada, a protagonista busca uma empresa que vende inteligências artificiais que copiam o comportamento dos mortos (através de suas interações nas redes sociais) e os ‘revive’ para ter companhia durante sua gravidez.

O mais surpreendente são os upgrades que a empresa oferece para esse serviço de ressurreição.
Tudo começa com uma IA que fica presa ao computador ou celular – bem semelhante a algumas que já temos nesses dispositivos – e imita o comportamento da pessoa falecida, em pouco tempo chega a hora de sua IA ganhar um corpo artificial que é igual ao do ente querido.
Confesso que quando vi esse episódio pensei que era coisa de roteirista maluco e viajado, mal sabia como estava enganada.
Desde 2015 a empresa australiana Humai anunciou que está trabalhando em formas de reviver os mortos usando corpos artificiais, nanotecnologia e engenharia criogênica.
O projeto envolve até aplicativos que estudem a pessoa, enquanto viva, para simular sua voz e outras características que serão utilizadas pela versão “ressuscitada” do indivíduo.
Lembra do tapa na cara que citei no início deste artigo? Esse episódio é um, nele vemos a tecnologia avançar ao ponto de reviver artificialmente os mortos transformando a invencível morte em um obstáculo contornável.
Seu like muda uma vida
A terceira temporada tem alguns dos episódios que mais me deram tapas na cara sobre o futuro, Nosedive (Queda Livre) é um deles.
Nele vemos uma sociedade baseada no status que você tem nas redes sociais, sua pontuação define onde pode morar, trabalhar, almoçar ou viajar. As pessoas avaliam constantemente as outras através de “likes” e “deslikes”, para parabenizar ou penalizar alguma atitude.
Essa sociedade é tão viciada em sua pontuação que molda todos seus relacionamentos e comportamentos da forma mais “aceitável” – as famosas respostas do gabarito – ou seja, coloca todos os indivíduos dentro de caixas do que é ou não aceitável e tira deles suas individualidades.

Black Mirror apresenta visões de futuro nos quais a humanidade perde sua ser-humanidade ao deixar de pensar e começar a dizer só o aceitável para ter méritos, aceita se transformar em máquina para continuar a viver mesmo após a morte e deixa de lado sua empatia e desejos próprios em busca de likes e status em redes sociais.
Além desses vários outros episódios mostram dilemas da tecnologia roubando a capacidade de ser humano das pessoas ou ocupando mais espaço do que deveria na sociedade, cada um de forma diferente.
O principal é que todos apresentam o mesmo cenário: estamos extremamente suscetíveis a deixar de ter ser-humanidade e individualidade, o que você está fazendo para evitar isso?
Pode deixar sua resposta nos comentários pra gente 😊.
Oi sou a Natália, uma futura publicitária metida a escritora viciada em sorvete de flocos e aleatoriedades. Escrevo para o blog da Keep e algumas histórias de ficção sobre as quais nunca irei falar hahaha. Espero que goste do conteúdo e acompanhe o blog.