Antes de falar de dicas para lidar com a timidez na infância, preciso fazer um alinhamento de expectativas com você, caro leitor.
Você não lerá aqui dicas para lidar com a timidez como se ela fosse algo a ser exterminado. É preciso falar isso agora, pois, o comportamento tímido sofre grande preconceito neste mundo tecnológico - e aparentemente tão sociável - em que, muitas vezes, parece que aquele que nasceu tímido é um perdedor.
Nada disso! A timidez é um tipo de temperamento que faz com que a criança que nasceu assim sinta-se, num primeiro contato, desconfortável em interações sociais e por isso, muitas vezes, evite este tipo de situações.
Mas, você já deve ter percebido como elas conseguem ter uma participação mais ativa à medida que conhecem e confiam nas pessoas ou nas situações com as quais ela está envolvida. Portanto, é possível dizer que o comportamento tímido é, até mesmo, seguro – do ponto de vista em que a criança não se entrega facilmente a quem ou ao quê ela não conhece.
Ademais, pessoas tímidas são ótimos ouvintes e transmitem uma agradável
sensação de bem-estar em sua companhia.

Todavia, o cuidado deve ser tomado para que a timidez (temperamento natural de algumas crianças, como já dito) não se torne uma patologia como, por exemplo, o pavor social.
Na segunda infância (7 a 12 anos) ou mesmo na adolescência e, considerando a realidade atual de extrema ênfase à socialização virtual, o tímido pode se esconder através das mídias ou mesmo sentir-se inconscientemente mais cobrado para interagir fisicamente com os outros e, com isso, afastar-se ainda mais do convívio interpessoal.
Sendo assim, as dicas que lerá a seguir servirão para que você conduza a criança a sentir-se internamente bem com a sua timidez e a potencializar as habilidades inerentes a este tipo de temperamento.
1. Não diga “ele/a é tímido” como se estivesse se desculpando por isso.
A criança nota claramente quando você sente vergonha dela e isso só contribui negativamente em relação à sua timidez, já que ao perceber o seu sentimento em relação a ela, ela tenderá a ficar ainda mais introspectiva, compartilhando com você uma “vergonha dela mesma”. O que não tem o menor fundamento, conforme dito na introdução.

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ACESSAR DEGUSTAÇÃO2. Não force sua exposição.
Muitas crianças se escondem atrás do papai ou da mamãe (ou de outro adulto em quem confiam) quando conhecem algo novo ou simplesmente escondem seu rostinho no peito de quem as carrega. Muitos adultos tendem a puxá-las forçando sua exposição e, ainda pior, implorando para que elas sorriam e cumprimentem as pessoas.
É claro que as crianças devem aprender a dizer um “bom dia” ou “boa tarde”, como um sinal de cortesia e até mesmo de respeito à presença de outras pessoas. Mas, lembre-se: a criança não está sendo mal-educada.
Estamos falando de uma criança tímida. Forçá-la a realizar isso sem que ela esteja devidamente confortável só lhe trará prejuízos socioemocionais. Por isso, respeite seu jeitinho de conhecer as pessoas e as diferentes situações. Ao mesmo tempo...
3. Não super-conforte a criança em sua timidez.
Na situação descrita acima, super-confortar seria algo como ajudá-la a se esconder ou até mesmo fingir que isso não está acontecendo.
Se você age assim pode passar a mensagem de que aquela é realmente uma situação assustadora e deve mesmo ser evitada.
Você pode agir falando baixinho em seu ouvido e olhando em seus olhos algo como: “Está tudo bem! Você não precisa cumprimentá-los agora, pode fazer isso quando se sentir mais confortável”. E sempre que ela fizer algo sociável, como sorrir para as pessoas ou falar com elas, você pode evidenciar o efeito positivo dessa ação, como “Você viu como a pessoa ficou feliz com seu sorriso?” ou “Como ela gostou de conversar com você?”

4. Dê tempo para que ele se sinta mais confortável.
Jamais o “empurre” ao colo ou ao contato de um estranho. Incentive o adulto “desconhecido” a brincar ao redor da criança e falar com tom de voz mais calmo para que eles se conheçam e adquiram confiança aos poucos.
5. Participe de momentos que envolvam pessoas desconhecidas (como festas, praças, parques, playgrounds) e treine habilidades sociais.
Evitar eventos de socialização podem transformar a timidez em patologia. Em vez disso, leve-a com você a situações como estas e mantenha sua atenção às quatro dicas anteriores. O “treinamento de habilidades sociais”, neste caso, partirá de atitudes como:
a. Cumprimente pessoas que você não conhece.
b. Leve-a para brincar ao lado de outras crianças brincando para que aos poucos ela se sinta confortável.
c. Ao perceber que ela está mais tranquila naquele ambiente, distancie-se dela por alguns metros mas sem sair de seu campo de visão para que ela comece a sentir-se segura com seu distanciamento.
d. Ao primeiro pedido para ir embora, converse sobre o que ela está sentindo. Estimule que fiquem por mais algum tempo, mas não force a barra. Busque o meio-termo nesta decisão.
e. Se alguém chamar a criança de tímida, complemente de forma a contribuir para uma visão positiva da timidez, como por exemplo “ela precisa de um tempinho para sentir-se confiante e segura e, então, participar mais ativamente”.
Se quiser estudar mais sobre a educação de crianças, dá uma olhada na nossa série Que Filhos Você Quer Deixar Para o Mundo.
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Sou psicóloga clínica, arteeducadora e arteterapeuta apaixonada por Criar Crianças Criativas (e de formas criativas), com o que trabalho há 17 anos. Sou mãe da Elisa e do Felipe (a caminho), sem o menor interesse de "fechar a fábrica" agora. Curto demaaais praticar com meus filhos (ou nas famílias com as quais trabalho) o que estudo e o que prego porque detesto teorias vagas. É, sim, um hardwork mas vale cada segundo de investimento. Amor, Limite e Liberdade Criativa é o tripé que sustenta minha família e meu trabalho.